O mundo acompanha as eleições norte-americanas. As urnas estão abertas e, anteriormente, muitos eleitores enfrentaram filas ou enviaram os seus envelopes pelo correio para o voto antecipado. Mais de 100 milhões já votaram nos dias anteriores - a primeira vez na história norte-americana em que mais pessoas votaram antes do dia das eleições do que no próprio dia. Além do presidente, os votantes também depositarão as suas escolhas para os 438 congressistas da Câmara dos Representantes - a probabilidade é que os democratas mantenham facilmente a maioria - e 35 dos 100 senadores.
Mas afinal, a que horas fecham as urnas?
As urnas das eleições presidenciais vão fechar daqui a algumas horas, a partir da meia noite em Portugal, nos primeiros estados: Kentucky e Indiana. O último, o Alasca, só fecha às 6 horas da manhã no horário português.
A que horas saem os resultados?
Apesar de haver termos muitas pesquisas sobre quem ganhará, se os resultados parciais dos estados não forem conclusivos, a corrida eleitoral poderá ser decidida apenas na contagem de votos antecipados, e a demora poderá ser de dias.
Isso acontece porque os estados vão proporcionalmente anunciando os seus resultados a partir do fecho das urnas, mas, neste ano, existe um recorde de votos nos Estados Unidos (99,7 milhões de pessoas), o que poderá influenciar, atrasando o anúncio dos resultados. Os votos por correspondência demoram mais para serem verificados, facto que Donald Trump usou como argumento para acusar possível “fraude eleitoral”, pondo em causa a integridade do sistema e defendendo que o vencedor deve ser comunicado ainda no dia 3 de novembro. Para tentar acelerar o processo, estados como Flórida e Ohio também começaram a contagem antecipada dos votos.
Não se esqueça: imprevistos podem ocorrer. Já agora, os resultados eleitorais do estado da Carolina do Norte vão sofrer um atraso de no mínimo 45 minutos. Haverá extensão da votação no condado de Sampson County depois de problemas com a impressora.
Normalmente, só há dados suficientes para comunicar um vencedor depois da meia-noite dos Estados Unidos, o que é igual às 5 horas em Portugal. Em 2016, o anúncio ocorreu perto das 2 horas e 30 minutos da madrugada norte-americana, o que significava já o início da manhã portuguesa, às 7h30.
O que prometem os candidatos?
Na eleição da maior economia do mundo, não são apenas os residentes que se interessam por quem será o próximo presidente. Saber as propostas de cada candidato é muito importante para empresários, investidores, e mesmo para outros países, já que as ações norte-americanas têm impacto político e econômico globalmente.
Donald Trump diz não ter preparado nenhum discurso de derrota. "Penso que vamos ter uma grande noite", declarou o candidato à reeleição. Ele aposta que terá no mínimo 306 votos no Colégio Eleitoral. Bastam 270 para ter a vitória.
O slogan “Make America Great Again” foi usado por Trump nas eleições de 2016. Assim como também ocorreu com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, ele teve a favor da sua estratégia a antipolítica. No caso do candidato republicano, não tinha nenhuma experiência anterior com política na área da administração pública - era empresário e também havia sido apresentador de TV. Renegar tudo o que está interligado a “velha política” faz parte de um meio de convencer a população já desgastada pelos acontecimentos políticos do seu país de que novos tempos chegarão. Trump foi o anti-político e Biden quer ser o anti-Trump, com propostas bastante diversas.
Em termos econômicos, Biden é considerado um liberal de centro. Ele propõe um aumento de impostos para empresas de 21% para 28% - maior do que o corte de taxas que Trump, mas ainda inferior ao do governo de Obama, que era 35%. No governo Biden, a taxa mínima sobre lucros estrangeiros também subiria para 21%, acima dos atuais 10,5% de Trump, e um incentivo fiscal de até 10% seria dado para alguns investimentos da produção nacional. Biden defende claramente o salário mínimo de 15 dólares por hora.
Em termos sociais e da saúde, Biden defende uma “união”. Em seu discurso na Pensilvânia, falou "Não haverá estados azuis ou vermelhos, só haverá Estados Unidos da América". Este discurso possivelmente também se compactua com a sua defesa da universalidade do plano de saúde implementado no período da vice-presidência: Biden promete melhorar o Obamacare. O democrata diz que os imigrantes ilegais devem ter também a possibilidade de aceder a um programa de saúde, sem receberem um subsídio. Ele afirma que deve ser gasto o necessário para dar resposta às necessidades da saúde pública.
No quesito educação, o candidato do DEM defende que as propinas devem ser gratuitas para as famílias que ganhem menos de 125.000 dólares por ano - o que equivaleria a cerca de 107 mil euros no câmbio atual.
Biden discorda da forma como Trump gere a pandemia. O candidato afirma que a abertura do comércio é possível, de acordo com um desconfinamento controlado e com as devidas medidas de distanciamento e proteção.
Sobre a economia, Trump permanece na linha da diminuição dos impostos. Pretende ajudar empresas e empresários com o programa “Paycheck Protection Program”, criado pelo candidato no intuito de emprestar dinheiro aos pequenos negócios. Apesar de não ter deixado mais claro no período de campanha, em julho, Trump havia falado na possibilidade de aumentar o salário mínimo para cerca de 15 dólares por hora.
Trump é um defensor da pena de morte, bem como de prisões privadas, ao que Biden é contra. O candidato republicano mantém a política de “tolerância zero” para os fluxos migratórios, bem como o projeto da construção do muro entre o México e os Estados Unidos, inteiramente financiado pelo governo norte-americano.
Na educação, o republicano apoia o incentivo com verbas federais para que alunos possam ingressar em universidades privadas, mas rejeita a iniciativa das propinas gratuitas. No quesito saúde, quer substituir o Obamacare, medida que até então não ocorreu.
Finalmente, quais são os cenários possíveis?
De acordo com Maria João Guimarães, Jornalista do Público que cobre as eleições, temos três cenários possíveis:
Joe Biden consegue vitória significativa em um dos estados da Costa Leste, dado que espera-se destes uma contagem mais depressa: Maine, Pensilvânia, Carolina do Sul, etc. A partir daí, corre na frente.
Acontece ao contrário: Trump conquista a Costa Leste, deixando o Centro-Oeste na ribalta: há a possibilidade de uma grande e renhida disputa.
Como diz Burns, citado por Guimarães, o terceiro cenário é "uma confusão gigante". Como já falamos, é o caso dos votos postais: demora-se dias até um resultado.
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