São nove os empresários do setor da restauração e discotecas, entre eles o famoso chefe Ljubomir Stanisic, que estão há quatro dias em greve da fome, inserida no movimento ‘A Pão e Água’. Acampados à porta da Assembleia da República, intercedem por todos aqueles que “estão, literalmente, a Pão e Água”.
“Só saímos daqui com uma intervenção do Estado, ou de ambulância, de resto eu não vou sair daqui, ninguém sai daqui”, revela João Sotto Maior, um dos manifestantes, à Lusa. À chuva e num acampamento improvisado, os empresários lutam pelos setores afetados pela pandemia da Covid-19 e pelas medidas adotadas para a conter.
Este movimento, que junta empresários e trabalhadores da restauração, bares, discotecas, cultura, eventos, alojamento e táxis, garante “não baixar os braços” até soluções serem encontradas. Assim, exigem reunir ou com o Primeiro-Ministro, António Costa, ou até com o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral. Para isso, apelam ao apoio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
José Gouveia, porta-voz do movimento, afirma à Lusa que “a economia está em colapso, daqui a um mês estamos a falar de mais 110 mil trabalhadores que vão ser despedidos”, acrescentando “Nós aqui estamos por opção a fazer greve de fome. Amanhã, o mais certo é haver pessoas a fazer greve de fome porque não têm o que comer".
O grupo composto por oito homens e uma mulher tem tido o apoio de populares que passam perto de São Bento e oferecem água e chá, tal como palavras de gratidão pelo que defendem.
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Setor da noite há 9 meses sem faturação
O movimento organizou ainda uma manifestação, na passada quarta-feira, que juntou centenas de pessoas que apelaram ao Governo para, ou as deixar trabalhar, ou apoios a fundo perdido para fazerem face às despesas.
Entre os manifestantes, e em declarações à Lusa, estava Alberto Cabral em representação das discotecas do Norte do País. O empresário, que também se aliou à greve de fome, sabe que “não temos condições para abrir as discotecas, mas precisamos de apoio, porque estamos há nove meses sem um euro que seja de apoio”.
A 16 de novembro, o movimentou endereçou um pedido de audiência ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ao ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira. Dos três, apenas o pedido dirigido ao Gabinete da Presidência obteve resposta, tendo o movimento reunido em audiência na passada sexta-feira, mas, perante a ausência de “respostas concretas e imediatas”, decidiu avançar com a greve de fome, sem termo certo.
O ministro da Economia disse, no dia 14 deste mês, que o apoio excecional aos restaurantes dos concelhos abrangidos pelo estado de emergência para os compensar pela receita perdida nos dois fins-de-semana de restrição acenderá a 25 milhões de euros e será pago em dezembro. Nos dados avançados pelo ministro, dos 750 milhões de euros contemplados no programa Apoiar.pt, apoio a fundo perdido destinado a micro e pequenas empresas dos sectores mais afetados pela crise e com quebras de faturação superiores a 25%, 200 milhões de euros serão destinados ao setor da restauração.
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