O primeiro lote de vacinas, composto por 9750 unidades, chegou ontem, dia 26, a Portugal. Parte deste lote será armazenado em Montemor-o-Velho e um novo lote chegará na segunda-feira, com mais 70.200 unidades. A vacinação iniciou este domingo de manhã em centros hospitalares e universitários. António Sarmento, diretor de infecciologia do Hospital São João, foi o primeiro.
Eram 10h07 quando a primeira vacina foi administrada em território nacional. António Sarmento admitiu sentir-se “honrado” por ter estreado o processo de vacinação em Portugal, demonstrando-se “absolutamente tranquilo com a vacina”. No São João, estão preparados 25 gabinetes médicos para o efeito, e espera-se que sejam vacinadas 200 pessoas por hora ao longo deste domingo.
Em Lisboa, no Hospital Curry Cabral, Fernando Nolasco, de 68 anos, foi o primeiro profissional de saúde a receber a vacina na capital. Aqui, é esperado que até ao final do dia sejam vacinadas 1500 pessoas.
A vacinação prossegue em vários pontos do país, desde Porto, Coimbra até Lisboa. Até abril, espera-se que sejam vacinadas 950 mil pessoas dos grupos prioritários definidos pela task-force: pessoas com mais de 50 anos, com doenças associadas, utentes e trabalhadores de lares e profissionais de saúde e de serviços essenciais.
"É um dever de cidadania"
Em direto para a SIC Notícias, Miguel Guimarães, Bastonário da Ordem dos Médicos, foi chamado, enquanto médico virologista ligado aos transplantes, para também ser vacinado, aceitando "sem hesitação".
O bastonário admite acreditar que a vacinação "é dever de cada cidadão, é um dever de cidadania", acrescentando que os médicos devem dar o exemplo. "A vacina serve para protegermos os outros. Portanto, quanto mais pessoas se vacinarem, mais todos estamos protegidos. E isso, neste momento, é absolutamente essencial".
Sobre a escolha do primeiro vacinado, admite que "não podia ter sido mais feliz". Acrescenta ainda que António Sarmento "simboliza aquilo que é verdadeiramente ser médico, simboliza aquilo que é a nossa profissão, o que é o próprio juramento de Hipócrates".
Miguel Guimarães refere ainda que, apesar de começar hoje a vacinação, é necessário que se continue a adotar os mesmos comportamentos de proteção, como o uso da máscara, distanciamento social e desinfeção recorrente das mãos, “porque o efeito da vacina vai fazer-se sentir mais tarde, quando cerca de 70% da população estiver vacinada”.