Desde o fim de outubro, o distrito do Porto tem registado vários casos de legionella. Entretanto, já se registaram oito óbitos e 74 casos de infeção, mas a origem do surto ainda está por determinar.
Faz hoje uma semana que o surto de legionella no Norte fez notícia. No último sábado, dia 7 de novembro, foi avançado pela TVI que, no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde, havia morrido uma pessoa e 14 estariam internadas com a doença. Entretanto, já existem internados no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e no Hospital de São João, no Porto.
Sobre o surto, e à margem de um evento em que participou esta quarta-feira, em Ermesinde, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, adiantou aos jornalistas que a fonte da infeção é ainda desconhecida e que é preciso “acelerar” a sua identificação.
Para isso, estão a ser recolhidas “análises de água das torres de refrigeração de vários espaços, águas de consumo e secreções dos doentes, para verificarmos se as estirpes de legionella são as mesmas”, mas o processo ainda está “numa fase inicial”, admitiu na mesma ocasião em declarações registadas pela agência Lusa.
Em cima da mesa das possíveis fontes de infeção estão várias opções, e a mais plausível parece ser uma torre de refrigeração localizada entre o Sul de Vila do Conde e o Norte de Matosinhos. Foram analisadas, no entanto, as águas da Petrogal, Ramirez, Amkor, Nelo, Lactogal, Vila do Conde Fashion Outlet e do NorteShopping, de acordo com informação avançada esta quinta-feira pelo Jornal de Notícias.
As colheitas referidas pelo secretário de Estado estão a ser analisadas no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, mas as conclusões ainda não têm data prevista.
O Ministério Público anunciou na quarta-feira, em comunicado, a abertura de um inquérito para descobrir “as causas do surto de legionella sucedido em concelhos do distrito do Porto, nomeadamente em Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim, tendo em conta as várias mortes já noticiadas como tendo nele a sua origem”.
Até que a fonte de infeção seja identificada, Lacerda Sales apela à população para que esteja “sempre alerta”, mas não há – e vários autarcas queixam-se disso mesmo – recomendações mais específicas para as populações residentes ou trabalhadoras naquelas áreas.
As reações
Ontem, na conferência de imprensa relativa à atualização dos dados da Covid-19, Marta Temido foi questionada acerca do surto de legionella. Nesta ocasião, a ministra da Saúde apenas referiu os 38 doentes internados, não se pronunciando em relação às mortes. Apontou ainda que “as autoridades de saúde continuam a investigar” a fonte de infeção.
Em Matosinhos, a presidente da Câmara Municipal, Luísa Salgueiro, mostra-se “preocupada” com a situação, em declarações à Agência Lusa, dizendo que a única garantia que pode dar para já é que “não existe nenhuma relação [do surto] com o abastecimento público da água” no município.
Em comunicado, a Câmara de Vila do Conde reforça que “a doença não se transmite através do consumo de alimentos ou da ingestão de água, nem de pessoa para pessoa”.
Já o PAN, em nota de imprensa, afirma que “o surto de legionella é uma consequência da falta de técnicos de saúde ambiental”. Segundo o Partido Pessoas-Animais-Natureza, na figura da deputada Bebiana Cunha, a maior preocupação e a mobilização de pessoal para combater a pandemia da Covid-19 “colocou em risco a vigilância da qualidade da água, do ar e de diversos vetores fundamentais para a qualidade de vida das populações e saúde pública”.
Entre outras medidas, o Partido afirma que deve haver uma “avaliação e monitorização das condições sanitárias” de maneira preventiva e dotar os “espaços, equipamentos e pessoas com os requisitos e meios para impedir a propagação da doença, tanto no combate à pandemia como ao surto de legionella. Avança ainda que esta avaliação “deve ser assegurada pelas Unidades de Saúde Pública, nomeadamente pelos seus Técnicos de Saúde Ambiental”.
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