top of page
Buscar
  • Foto do escritorRita Magalhães

Não somos números!

Cheguei ao momento em que, depois de quase 15 anos a estudar, começo a ficar cansada de ver todo o meu empenho, dedicação e entusiasmo reduzido a um número que, por sua vez, se enquadra numa escala por onde somos todos alinhados.


Estou cansada porque, não discutindo só o facto de que ser reduzida a um número já é mau o suficiente, fazem-nos acreditar que nós somos aquilo – que, em vez de me apresentarem pelo nome, é tão ou mais importante a nota que lhe segue.


Infelizmente, esforçámo-nos não para tentar satisfazer as nossas necessidades e requisitos pessoais, mas sim para conseguir atingir uma nota adequada – e que, modéstia à parte, na maioria das vezes nem conseguimos atingir. Ficámos pelo tentar. E sabem o que é pior? É que, mesmo sabendo que demos o nosso máximo, não conseguimos atingir o que queríamos, a nota que queríamos. E, ao não conseguirmos, sentimo-nos automaticamente desfasados, uma fraude. Qual o sentido disso?


A verdade é que o abandono escolar precoce anda de mãos dadas com o insucesso escolar – Culpa-se os alunos por não se esforçarem, culpa-se os professores por não serem atrativos a dar aulas, culpa-se tudo e todos. Mas, já pensámos que nem todos podem conseguir encaixar-se numa meta de 0-100, 0-5 ou 0-20? Eu não consigo.


Não consigo concordar com um regime que só dá oportunidades a quem ultrapassa uma certa meta, e que calcula essa meta através de trabalhos e testes teóricos – Porque, em primeiro lugar, preparam-nos para um mundo físico sem prática, literalmente. E, depois, aos que têm prática porque a foram aprender fora das paredes da escola, o tamanho da corrida não é o mesmo. Portanto, qual a lógica?


No fundo, é urgente repensar a forma como se diz aos alunos, seja de que ciclo de ensino for, que este é competente ou incompetente tendo por base o seu sucesso ou insucesso escolar, respetivamente. O que críamos com estes moldes são seres que focam a sua vida em engolir quantidades exorbitantes de matéria para a debitar num teste e esquecer. Criamos pessoas competitivas que passam a vida a tentar ultrapassar a nota do colega do lado e em ter o título de melhor aluno. Criamos seres que, bem no fundo, são seres inexperientes e nada preparados para o mundo dos adultos. E o problema é que estes seres não ficam no ciclo ou no secundário. A maioria está no ensino superior.

2 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page